Não será possível atingir as Metas e Objetivos do Milênio para 2015 – entre as quais está a redução em 50% no número das pessoas sem acesso à água de qualidade – se não houver uma atenção maior à melhoria do acesso da população aos serviços básicos. O alerta está sendo dado por representantes do Banco Mundial ao lançarem o Informe sobre Desenvolvimento Humano. Os objetivos foram traçados em setembro de 2000, com a participação de 189 países. A entidade reconhece que serviços como assistência à saúde, educação e saneamento com freqüência são inacessíveis justamente aos mais pobres, o que configura um obstáculo à superação da pobreza. Outras duas metas: a redução em 50% da pessoas que passam fome e que vivem na miséria dificilmente serão alcançadas se não melhorar o acesso aos serviços citados. O relatório dá exemplos destacados de serviços que funcionam, mostrando como governos e sociedade civil podem trabalhar para que eles melhorem. E afirma que houve grandes sucessos e fracassos nas iniciativas tomadas pelos países em desenvolvimento para fazer com que os serviços funcionem. ”A principal diferença entre o sucesso e o fracasso é o grau em que os próprios pobres participam na determinação da qualidade e quantidade dos serviços que recebem”. “Com freqüência, os serviços não atendem os pobres. Isso pode ser menos espetacular do que as crises financeiras, mas os efeitos desse fracasso são contínuos e profundos”, disse o Presidente do Banco Mundial, James D. Wolfensohn. Ele admite que os serviços funcionam quando incluem todas as pessoas, quando as meninas são estimuladas a freqüentar a escola, quando os alunos e os pais participam do processo de ensino, quando as comunidades cuidam do seu próprio saneamento. Eles funcionam quando adotamos uma visão abrangente do desenvolvimento – reconhecendo que a educação da mãe vai ajudar a tornar seu filho saudável, que a construção de uma estrada ou de uma ponte vai permitir que as crianças freqüentem a escola”. A publicação do relatório ocorre num momento em que os países ricos se comprometeram a aumentar a assistência externa e os países em desenvolvimento se comprometeram a aprimorar as suas políticas e instituições para atingir as Metas de Desenvolvimento do Milênio. “Obviamente, para acelerar o desenvolvimento humano é necessário o crescimento econômico, mas apenas isso não basta”, afirma o Economista Chefe do Banco Mundial e Vice-Presidente Sênior de Economia do Desenvolvimento, Nicholas Stern. Relatos pessoais, incluídos no novo relatório, descrevem como os pobres recebem serviços inadequados. Um deles cita que em Adaboya, Gana, “as crianças precisam caminhar quatro quilômetros para freqüentar a escola porque, embora exista um edifício escolar na sua vila, está mal cuidado e não pode ser usado na estação das chuvas”. Em Potrero Sula, El Salvador, a população diz que “o posto de saúde aqui não serve para nada porque não tem nem médico nem enfermeira e só abre dois dias por semana, até o meio dia”. Um levantamento revelou que mulheres que deram à luz em centros de saúde rurais no distrito de Mutasa, no Zimbábue, freqüentemente relatam ter sido agredidas por funcionários durante o parto. Casos como estes repetem-se em relatos de outros países. Em média, as crianças da zona rural do Mali têm que caminhar oito quilômetros para freqüentar a escola primária. As da região rural do Chade têm que caminhar 23 quilômetros para chegar a uma clínica. Um bilhão de pessoas no mundo inteiro carecem de acesso a uma fonte de água potável; 2,5 bilhões não tem acesso a saneamento razoável. Mesmo quando os pobres têm acesso, a qualidade dos serviços é baixa demais. Em visitas de surpresa a 200 escolas primárias na Índia, pesquisadores descobriram que não havia qualquer atividade de ensino na metade delas, no momento da visita. Até 45% dos professores da Etiópia tinham faltado ao trabalho pelo menos um dia da semana antes de uma visita – 10% deles tinham faltado três dias ou mais. Um levantamento dos centros de saúde de atendimento primário em Bangladesh verificou que a taxa de absenteísmo dos médicos era de 74%. “A melhora na qualidade dos serviços básicos para os pobres – como saúde e educação – é essencial para acelerar o desenvolvimento humano, visto que só o aumento das verbas não irá resolver, afirma Jean-Louis Sarbib, Vice-Presidente Sênior do Banco Mundial para Desenvolvimento Humano. “A região do Oriente Médio e do Norte da África gasta mais em ensino público do que qualquer outra região em desenvolvimento mas tem algumas das taxas mais altas de analfabetismo infantil do mundo. Fonte: Água Online
Não será possível atingir as Metas e Objetivos do Milênio para 2015 – entre as quais está a redução em 50% no número das pessoas sem acesso à água de qualidade – se não houver uma atenção maior à melhoria do acesso da população aos serviços básicos. O alerta está sendo dado por representantes do Banco Mundial ao lançarem o Informe sobre Desenvolvimento Humano.