A América Latina está a caminho de alcançar as chamadas `metas do milênio` para acesso a saneamento básico e água potável fixadas pela ONU em 1990, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância). `A América Latina é uma das regiões do mundo que se encontram em processo bastante favorável nessa área. Se continuar a mesma tendência que tivemos entre 1990 e 2002, com toda a certeza, as metas do milênio serão alcançadas`, disse José Hueb, coordenador do relatório para a OMS. `As estatísticas indicam que o Brasil mostrou um desenvolvimento considerável entre 1990 e 2002, período abordado por esse relatório.` Em outras áreas do mundo, porém, a situação ainda é dramática. De acordo com o relatório, mais de 2,6 bilhões de pessoas, mais de 40% da população do mundo, não têm acesso a saneamento básico, e mais de um bilhão de pessoas ainda usam água não tratada para beber, a maioria delas nas zonas rurais da África e da Ásia. Emergência silenciosa – No Brasil, entre 1990 e 2002, a cobertura de água potável aumentou de 83% para 89% da população e, em termos de esgotamento sanitário, houve um aumento de 70% a 75%. As metas do milênio prevêem que, entre 1990 e 2015, seja reduzida à metade a proporção de pessoas no mundo que não têm acesso à água potável e saneamento. Mas a meta mundial de saneamento básico não será alcançada e pelo menos 500 milhões de pessoas continuarão sem acesso. Já a meta mundial para água potável deve ser atingida, segundo o relatório. `O mundo enfrenta uma emergência silenciosa e bilhões (de pessoas) lutam sem água potável e saneamento básico`, diz o estudo chamado Alcançar as Metas de Desenvolvimento do Milênio para Água Potável e Saneamento, uma Avaliação a Meio do Caminho. A falta de acesso a esses dois itens básicos provoca a morte de 4 mil crianças por dia, especialmente por doenças como diarréia aguda, segundo Hueb. Impacto econômico De acordo com o estudo, a África Subsaariana é a região onde os riscos são maiores, mas existem tendências `preocupantes` nas regiões industrializadas, onde os indicadores de acesso a saneamento básico e água potável `caíram 2% entre 1990 e 2002`. O relatório diz que falta vontade política dos governantes para efetivamente cumprir as metas fixadas pelos próprios países da ONU em 1990. `O mais importante realmente para cumpri as metas seria um compromisso político, o engajamento daqueles que tomam decisão a nível de país`, diz Hueb. Segundo ele, os custos para implantação desses dois serviços básicos não são exagerados se comparados a outros serviços, como de telecomunicações. Do ponto de vista econômico, de acordo com o médico, haveria ganhos para os países, graças à redução de despesas hoje enfrentadas pelos serviços de saúde para tratamento de pessoas com doenças decorrentes da falta de saneamento básico e água potável. `Para se ter uma idéia, um estudo da OMS mostra que para cada dólar investido em água e saneamento, existe um retorno que varia entre 3 e 30 dólares em redução de custo de saúde, melhora das condições econômicas`, diz Hueb. Também aumentaria a produtividade. Hoje, na África, 40 bilhões de horas de trabalho são perdidas por ano por causa do tempo que as pessoas perdem para buscar água potável, segundo o relatório. (Fonte: BBC Brasil, 28/ago/04)

A América Latina está a caminho de alcançar as chamadas `metas do milênio` para acesso a saneamento básico e água potável fixadas pela ONU em 1990, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância). Em outras áreas do mundo, porém, a situação ainda é dramática.

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