A Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan) realiza o monitoramento ambiental em cursos de água no Espírito Santo desde o início da operação de cada sistema de esgotamento sanitário. O trabalho tem a função de avaliar a situação da qualidade dos corpos hídricos e a eficiência das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) da empresa. É avaliado se o efluente, água que sai das ETEs, atende aos padrões de lançamento definidos pela legislação ambiental e estuda qual a contribuição dada para a recuperação dos recursos hídricos como, por exemplo, a quantidade de esgoto que deixa de ser lançada sem tratamento no ambiente.
O monitoramento ambiental se constitui de estudos realizados a partir da coleta de dados de variáveis ambientais. É realizado em todos os municípios onde há sistemas de esgotamento sanitário da Cesan em funcionamento e também nos locais previstos para receber a implantação do serviço de coleta e tratamento de esgoto. O monitoramento é feito regularmente em todas as estações de tratamento em operação.
A atividade permite a identificação de fatores que influenciam os estados de conservação, preservação, degradação e recuperação dos cursos d’água das regiões estudadas. Com isso, é possível acompanhar as alterações da qualidade do corpo hídrico, elaborar previsões de comportamento, desenvolver instrumentos de gestão e fornecer informações para a realização de ações saneadoras e despoluidoras. Neste último caso, a Cesan elabora relatórios a partir dos dados estudados e os encaminha para os órgãos gestores de recursos hídricos.
Funcionamento
De acordo com Maria Helena Alves e Karla Minini, da Gerência de Meio Ambiente da Cesan, o serviço é realizado conforme instrução normativa IN 13/2014M, que estabelece critérios técnicos para o monitoramento das Estações de Tratamento de Esgoto e dos corpos receptores, assim como sobre os parâmetros a serem monitorados e a frequência, que varia de acordo com cada ETE e a quantidade de esgoto tratado.
Os critérios a serem estudados pelo monitoramento ambiental são relacionados com características físicas, químicas e biológicas da água. Os primeiros envolvem o monitoramento da temperatura da água, a qual indica o oxigênio dissolvido (o que influencia diretamente a vida no meio aquático), a turbidez e os sólidos totais, que indicam a presença de sedimentos no corpo hídrico.
Já os parâmetros químicos monitorados são: a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), que estuda a quantidade de oxigênio na água e o consumo dele pelos micro-organismos aquáticos, o que consequentemente consegue estimar o nível de poluição de determinado corpo hídrico; a Demanda Química de Oxigênio (DQO), utilizada para estimar a quantidade de oxigênio necessária para oxidação da matéria orgânica de uma amostra por meio de um agente químico, sendo que o aumento da concentração de DQO num corpo d’água deve-se principalmente a despejos de origem industrial; o Potencial Hidrogeniônico (PH), que indica se a água é ácida, neutra ou alcalina; os óleos e graxas, os quais identificam a presença de substâncias orgânicas de origem mineral, vegetal ou animal, normalmente oriundas de despejos e resíduos industriais, efluentes de oficinas mecânicas, postos de gasolina, estradas e vias públicas; os surfactantes, que indicam a presença de detergentes, os quais contribuem com a morte de peixes, por exemplo.
Também são analisados o fósforo total, nitrogênio total e nitrogênio amoniacal, nutrientes para os processos biológicos que estimulam o crescimento de algas. Estas têm a capacidade de produzir toxinas problemáticas para a saúde humana, além de terem o poder de alterar aspectos da água, como a cor e o sabor.
Por fim, os parâmetros biológicos estudados envolvem os Coliformes Termotolerantes e Escherichia coli, presentes nas fezes humanas, sendo indicadores da poluição fecal e da possibilidade da presença de micro-organismos patogênicos na água, que causam as doenças.